Pitaco Cultural https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br Suas impressões sobre filmes, peças, música e comida Tue, 07 Dec 2021 18:35:25 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pitaco Cultural agora tem novo endereço na Folha https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/pitaco-cultural-agora-tem-novo-endereco-na-folha/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/pitaco-cultural-agora-tem-novo-endereco-na-folha/#respond Tue, 07 Dec 2021 18:35:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1554 Caro leitor,

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse folha.com/pitacocultural para continuar lendo tudo que o Pitaco conta.

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Frank Bar, premiado e memorável, se despede de São Paulo

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Com Nicole Kidman, ‘Nove Desconhecidos’ é a série ruim que você assiste até o fim https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/com-nicole-kidman-nove-desconhecidos-e-a-serie-ruim-que-voce-assiste-ate-o-fim/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/com-nicole-kidman-nove-desconhecidos-e-a-serie-ruim-que-voce-assiste-ate-o-fim/#respond Wed, 29 Sep 2021 20:02:31 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/nove-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1471 Grande parte das adaptações de livros para a TV não consegue passar imune a críticas. E assim foi com “Nove Desconhecidos”, disponível no Brasil pela Amazon Prime, que adapta a obra homônima da australiana Liane Moriarty (de “Big Lilttle Lies”) para a televisão.

Alguns fãs dizem que a personagem central, Masha (interpretada por Nicole Kidman), é muito mais durona no livro. Outros não gostaram das adaptações que diferem o livro do roteiro no streaming (sem mais detalhes, aqui, para evitar spoilers).

Mas o fato é que “Nove Desconhecidos” é aquela série que a gente assiste reticente, achando ruim. Mas quando vê, já foi até o fim.

A história se passa em torno de uma espécie de retiro de luxo, a Tranquillum House, que seria um spa de cura física e espiritual. A proprietária, a enigmática russa Masha Dmitrichenko, promete que os poucos hóspedes –selecionados a dedo– sairão de lá após dez dias totalmente renovados.

É a partir daí que a série se desenvolve numa toada quase clichê: os hóspedes, ricos, mas aparentemente comuns, vão revelando pouco a pouco traumas e questões muito íntimas que refletem em suas vidas.

Entre eles, uma escritora de best-sellers que vê sua carreira e vida pessoal desabarem; uma família que não superou a morte de um filho; um ex-atleta que sofre com as dores e vícios de quando estava na ativa.

Envolvidos pela mentora do spa, eles encaram seus medos –e muitos psicodélicos– para superar as próprias amarras. Sabe enredo de filme, de novela? Então.

Mas há detalhes que fazem o espectador, meio com raiva, meio fascinado, seguir até o fim. A começar pelo maior deles: a quase hipnose que é assistir à gigante Nicole Kidman onipresente, de peruca loira e com um sotaque russo artificial, conduzir a trama.

Soma-se a ela a química maravilhosa entre os personagens de Melissa McCarthy e Bobby Cannavalen (dá vontade de assistir aos dois juntos em muitas séries!) e os tabus reais que envolvem a perda de um ente querido, representados pela família Marconi.

A cereja do bolo fica pelo exagero na psicodelia, cujos erros e acertos na série você pode ler aqui.

“Nove Desconhecidos” não é uma obra de arte do streaming. Mas envolve quem a assiste e ajuda a passar o tempo sem queimar muito a cabeça. O que pode ser uma boa em períodos tão conturbados no país.

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“Nove Desconhecidos”. Disponível na Amazon Prime Video.

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7 motivos para ouvir ‘Paciente 63’, série com Seu Jorge e Mel Lisboa que mistura viagem no tempo e pandemia https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/7-motivos-para-ouvir-paciente-63-serie-com-seu-jorge-e-mel-lisboa-que-mistura-viagem-no-tempo-e-pandemia/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/7-motivos-para-ouvir-paciente-63-serie-com-seu-jorge-e-mel-lisboa-que-mistura-viagem-no-tempo-e-pandemia/#respond Wed, 01 Sep 2021 20:25:56 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/paciente-63-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1453 Uma experiente psiquiatra é apresentada a seu novo paciente, um homem que foi encontrado após um surto e que recebeu o diagnóstico de “psicose paranóide”. No hospital, eles iniciam a terapia, e esse homem –Pedro Roiter, designado como paciente 63– tenta convencer a médica, Elisa Amaral, de que é um viajante do tempo que retornou para salvar a humanidade de um vírus mortal.

O enredo digno de filme na verdade guia uma áudio série, “Paciente 63”, original do Spotify. A obra é a versão brasileira do podcast chileno “Caso 63”, de Julio Rojas, que chegou a ser citado como um destaque digital na retrospectiva do New York Times em 2020. Por aqui, os personagens ganham vida e vozes marcantes e conhecidas: Mel Lisboa (Elisa) e Seu Jorge (Pedro).

O diálogo profundo entre os protagonistas prende o ouvinte e o leva a uma confusão de sentimentos, que ora passam pela verossimilhança, ora voam longe da realidade. Pedro jura que voltou de 2062 para 2022, ano em que a série se passa, com um propósito maior. E ele precisa convencer sua médica de que não é esquizofrênico.

“Paciente 63” é um podcast de ficção científica com ar de radionovela, envolvente e muito enigmático. Destacamos alguns motivos pelos quais você deve ouvi-lo.

1. Os episódios são curtinhos e intensos. Têm cerca de 15 minutos cada um, sendo que a temporada completa reúne 10. Ou seja: a ideia é maratonar como uma série de televisão. Até porque é quase impossível não querer avançar na história para entender o que está acontecendo.

2. A série apresenta situações distópicas, mas nem tanto. Pedro diz que a geração do futuro é chamada de EP –entre pandemias–, e que se habitou a viver basicamente no mundo das telas, sem muito contato humano. Parece possível? Na geração EP, o tête-à-tête se dá mais como uma prova de fé do que como algo habitual, e a nuvem de dados vira um marco temporal que também divide períodos.

3. O texto cita teorias que realmente existem fora do podcast, como a Lei de Desdobramento do Tempo e do Espaço, do cientista Jean Pierre Garnier Malet. Ela fala em aberturas temporais que nos ajudariam a entender sonhos e premonições –e o pé na dúvida, no “será?”, torna a história ainda mais interessante.

4. O paciente 63 desafia a psiquiatra e suas argumentações técnicas a todo momento. E nos faz novamente traçar um paralelo entre a série ficcional e a realidade pandêmica, em que a ciência tem sido colocada a prova com teorias conspiratórias e desinformação.

5. A áudio série tem uma suposição sobre a vida em Marte. Da qual não falaremos, para não conter (mais) spoilers.

6. É quase previsível dizer, mas as interpretações de Mel Lisboa e Seu Jorge são ótimas e sobem ainda mais a régua da obra, que já é excepcional. O ouvinte se vê imaginando as cenas, as expressões faciais, os suspiros… Vozes que envolvem totalmente o expectador na trama.

7. O final é inesperado –ainda que ser inesperado seja, de certa forma, o desfechado esperado em uma ficção científica. E deixa aquela dúvida: haverá uma segunda temporada?

Esperamos fortemente que sim.

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Paciente 63. Série em formato de podcast, disponível no Spotify.

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Brasil é moralista e pouco fala sobre redução de danos, diz Letícia Colin após personagem viciada em crack https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/07/14/brasil-e-moralista-e-pouco-fala-sobre-reducao-de-danos-diz-leticia-colin-apos-personagem-viciada-em-crack/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/07/14/brasil-e-moralista-e-pouco-fala-sobre-reducao-de-danos-diz-leticia-colin-apos-personagem-viciada-em-crack/#respond Wed, 14 Jul 2021 19:54:57 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/letícia-colin-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1404 Quando Letícia Colin começou a viver Amanda, sua personagem em “Onde Está meu Coração”, a intenção era desconstruir a imagem desumanizada dos usuários de drogas. Na série, Amanda é uma médica jovem, casada, de classe média-alta e que aparentemente tem tudo –mas acaba perdendo o controle de sua vida por causa do vício no crack.

É na força da atuação da atriz e de seu núcleo familiar na trama (com destaques para Mariana Lima e Fábio Assunção), além da delicadeza em tratar da dependência química e de outros temas que a permeiam –como alcoolismo e uso de estratégias que visam reduzir os efeitos negativos das drogas sem a necessidade da abstinência– que a série realista se destaca.

“O crack gera um vício violento porque é muito rápido. A pessoa se esquece de beber água, de comer, e isso faz com que ela fique com o corpo muito debilitado, perdendo as características de sua caminhada. Então julgamos, como se ali não houvesse mais alguém que tem família, sonhos e afetos”, relata Letícia.

Conforme a série adentra o vício de Amanda, revela também outras compulsões mais aceitas pela sociedade –o pai dela, também médico, tem uma amante e é alcoolista. A irmã busca na castidade e na religião a solução para uma tragédia familiar. O marido de Amanda, egocêntrico, vê em fortuna e ostentação sua realização de vida. Orbita a obra, assim, a hipocrisia.

Ao acompanhar a imersão da personagem na clínica de reabilitação e as tentativas desesperadas da mãe de trazer a filha de volta a si, “Onde Está meu Coração” revela questões ainda tabu, mas que precisam ser levantadas. É certo criminalizar o usuário ou dependente de drogas? Por que o álcool é permitido, e a maconha não? Como devolver o dependente ao convívio social?

“Nossa juventude bebe loucamente, um problema seríssimo, e a maconha é que é vista como vilã. Isso é uma mentira conveniente que vem sendo contada e propagada por um governo moralista, ultrapassado e autoritário”, segue Letícia Colin. “A gente pouco fala no Brasil da redução de danos –esse assunto é muito abafado por políticas moralistas, religiosas, quando o Estado deveria ser laico.”

Os dez episódios de “Onde Está meu Coração” ganham ainda mais potência com a rica trilha sonora composta por Nick Cave, Nina Simone e Elvis Presley. E por uma das músicas mais belas da série: “Experiencie”, de Ludovico Einaudi.

Por enquanto não há confirmação de nova temporada, mas fica a torcida pela continuação dessa obra tão necessária.

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Com Liniker, ‘Manhãs de Setembro’ coloca transexualidade e maternidade sob novos aspectos https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/07/07/com-liniker-manhas-de-setembro-coloca-transexualidade-e-maternidade-sob-novos-aspectos/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/07/07/com-liniker-manhas-de-setembro-coloca-transexualidade-e-maternidade-sob-novos-aspectos/#respond Wed, 07 Jul 2021 19:53:40 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/cassandra-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1383 Novidade na Amazon Prime, “Manhãs de Setembro” chegou ao serviço de streaming alçando a cantora e atriz Liniker ao seu primeiro papel como protagonista. Mais do que isso, deu a uma mulher trans o lugar máximo de destaque na trama.

Mas um dos pontos altos talvez seja o fato de que a série fala de marginalidades com a mesma intensidade que fala de amor e laços.

A protagonista Cassandra, uma mulher transexual que acabou de alugar seu próprio espaço –uma kitnet no centro de São Paulo–, se vê de frente com um passado que nem sabia que existia, e que não sabe se quer assumir: um filho.

Gersinho (interpretado pelo ator Gustavo Coelho) surge com a mãe, a impetuosa Leide (Karine Teles), uma mulher autônoma que ganha a vida vendendo todo tipo de produto nos faróis da cidade.

Sem dinheiro, em desespero e morando com o filho em um carro velho embaixo do viaduto, Leide decide procurar Cassandra, com quem se relacionou brevemente antes da transição. Porém, a recepção não é exatamente calorosa.

Materializar a ideia de ser “pai” se mostra como uma ameaça para tudo que Cassandra tem até aquele momento. Não apenas financeiramente, mas também como mulher que finalmente tem uma casa, dois empregos –motogirl e cantora– e um namorado apaixonado. Isso no contexto de morar no país que mais mata gays e transexuais.

É então que a série se abre em diversas camadas. Ao mesmo tempo que ressalta preconceito, joga luz a representatividade, conquistas e afetos.

Cassandra encontra toda rede de apoio de que precisa em seus amigos e é amada –mas o namorado, casado, não tem coragem de deixar a esposa e assumir o novo relacionamento. Por outro lado, ela não quer a responsabilidade de ter um filho. “Virou uma mulher, mas por baixo ainda é um ‘boy lixo'”, diz Leide ao pai de seu filho.

O medo de encarar o que está por vir confunde a protagonista, que tenta seguir como se nada estivesse acontecendo, mas não tem coragem de jogar o filho recém-chegado para baixo do tapete.

Karina Teles e Gustavo Coelho em ‘Manhãs de Setembro’ (Divulgação)

“Manhãs de Setembro” promove o encontro de uma mãe solo, ambulante, com uma mulher que nasceu no corpo de um homem e que está desabrochando em seu espaço recém-conquistado.

Elas têm embates, mas carecem da mesma aceitação. E a personagem de Liniker é tão importante porque acerta e erra, tem medo e sente ódio. Gera raiva no espectador ao mesmo tempo em que cria empatia.

Entre sentimentos conturbados, Cassandra e Leide são humanas. E a série de apenas cinco episódios (por enquanto) ganha pontos por não romantizar e nem endurecer suas histórias, apenas contá-las.

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Cancelada pela Netflix, ‘Special’ é ótima e tem muito a dizer; saiba por que assistir à série https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/cancelada-pela-netflix-special-e-otima-e-tem-muito-a-dizer-saiba-por-que-assistir-a-serie/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/cancelada-pela-netflix-special-e-otima-e-tem-muito-a-dizer-saiba-por-que-assistir-a-serie/#respond Mon, 14 Jun 2021 19:39:44 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/special-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1345 Enquanto outras obras, a exemplo de “Quem Matou Sara?”, chegaram à Netflix no último mês com novas temporadas já garantidas, “Special” disse adeus. A série do diretor (e protagonista) Ryan O’Connel teve pouca repercussão e acabou cancelada –o que fez com que a recém-lançada segunda temporada, já gravada, virasse a derradeira.

Azar do serviço de streaming e dos assinantes que não souberam dar a ela o devido valor.

Baseada na própria vida de Connel, “Special” é a história de um jovem gay que tem paralisia cerebral e que conquista –com leveza e bom humor– sua independência. Mas, mais do que isso: é uma série que coloca na televisão um protagonista gay, que tem deficiência, e que se abre para amigos, amores e trabalho com sinceridade e muito carisma.

Com episódios curtos –que vão de 15 a 30 minutos– “Special” fala sobre aceitação, amadurecimento e autoconfiança de forma simples e muito honesta.

Enquanto a primeira temporada foca a saída de Ryan Hayes (Ryan O’Connell) da casa de sua mãe, uma mulher solteira e superprotetora, a segunda mergulha em seus relacionamentos amorosos. São episódios que parecem corriqueiros, mas que trazem à pauta assuntos como sexo gay, poliamor e objetificação da pessoa com deficiência.

A forma como o personagem cresce é crucial para colocar uma pedra sobre roteiros estereotipados. O jovem de 20 e poucos anos não aceita mais ser coadjuvante de sua própria história. Ele está à procura de seu lugar, de se encontrar –como qualquer outro jovem, gay ou não, com deficiência ou não, da mesma idade.

É uma série deliciosa, engraçada, leve e necessária. Que talvez tenha sido cancelada não por sua culpa, mas por culpa daqueles que não estão preparados para falar, e encarar, preconceito e capacitismo.

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Leitor indica ‘A Voz Mais Forte’, que mostra ascensão e queda do mandachuva da Fox News https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/05/10/leitor-indica-a-voz-mais-forte-que-mostra-ascensao-e-queda-do-mandachuva-da-fox-news/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/05/10/leitor-indica-a-voz-mais-forte-que-mostra-ascensao-e-queda-do-mandachuva-da-fox-news/#respond Mon, 10 May 2021 19:21:40 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/a-voz-mais-forte-2-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1324  

O pitaco de hoje é do leitor Raphael Preto Pereira, de 26 anos. Raphael é jornalista, mora em São Paulo e atua com educação –mas garante que adora cultura e, por isso, escreve aqui a sua crítica.

Ele traz a resenha de “A Voz Mais Forte”, série do Globoplay que conta a história Roger Ailes, chefão da Fox News acusado de uma série de abusos sexuais. Confira.

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Até onde vai o poder do mais alto funcionário de um meio de comunicação? Esse é o ponto central de “A Voz Mais Forte”, disponível para assinantes no GloboPlay.

A minissérie conta a trajetória de Roger Ailes (interpretado por Russell Crowe), ex-CEO da Fox News. Ela passa pela criação da emissora americana, em 1995, até a demissão de seu fundador, em 2016 –motivada por denúncias de assédio sexual pelas quais o executivo acabou condenado.  

Mais destacado arquiteto da mídia conservadora norte-americana, Ailes deixava claro que não pretendia disputar o mercado noticioso com a CNN ou com a NBC. Ele pretendia fazer uma emissora que servisse de porta-voz para ideais da direita conservadora. 

A interpretação de Russell Crowe é boa –embora, às vezes, falte um pouco de expressividade. A fala pausada e o andar debilitado funcionam como contraponto dramatúrgico às incontáveis demonstrações de poder do personagem principal. 

A série mostra Roger Ailes como uma pessoa que é mal-educada com todo mundo, e não somente com as pessoas que estão abaixo dela –e que tem plena consciência de seu poder.

Em uma das melhores cenas, o executivo usa um telefone público para cobrar a conta de seu apoio incondicional à resposta do presidente George W. Bush aos ataques de 11 de setembro de 2001. Sentindo-se preterido em fontes do governo, ele pede ao vice-presidente Dick Cheney “acesso total, sem essa droga de assessoria de imprensa”.

O mandachuva do canal conservador parece balançar no cargo com a vitória de Barack Obama, em 2008. Neste período, reclama do dono da Fox, Rupert Murdoch, que estaria “pegando leve” com o primeiro presidente negro na Casa Branca. Mas é só uma impressão: pouco depois da reeleição de Obama, Ailes consegue o tão sonhado controle editorial do canal.

Quando os assédios são descobertos, Roger Ailes é demitido. E só aí parece se dar conta do que sempre foi: um funcionário. Que era poderoso, irascível e que podia comprar uma bela mansão com um quarto do pânico. Mas, ainda sim, apenas um funcionário.  

Para quem gosta de jornalismo, “A Voz Mais Forte” tem uma frase lapidar: “as pessoas não querem ser informadas, querem se sentir informadas”. E também um erro de roteiro: não fala nada sobre a participação da Fox News nas eleições de 2000 [em que concorreram George W. Bush e Al Gore] e na polêmica da recontagem de votos da Flórida.

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Candidato da Bósnia ao Oscar emociona ao mostrar destruição de um genocídio, diz leitora https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/04/13/candidato-da-bosnia-ao-oscar-emociona-ao-mostrar-destruicao-de-um-genocidio-diz-leitora/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/04/13/candidato-da-bosnia-ao-oscar-emociona-ao-mostrar-destruicao-de-um-genocidio-diz-leitora/#respond Tue, 13 Apr 2021 13:00:11 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/Quo-vadis-Aida-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1315 O pitaco de hoje é da leitora Georgia Briano Gratacos Silva, 21, estudante de engenharia civil da Poli-USP. Ela indica o filme “Quo Vadis, Aida?”, da cineasta bósnia Jasmila Zbanic, que concorre ao Oscar de melhor filme internacional.

O drama retrata o desespero de uma mãe que tenta salvar a família do fuzilamento, e tem como pano de fundo o massacre de Srebrenica –genocídio que vitimou mais de 8.000 crianças e adultos muçulmanos na Bósnia.

Georgia diz que ama cinema e que já assistiu a todos os principais indicados à estatueta neste ano. A quarentena, diz ela, impulsionou a lista, que inclui longas de diversos gêneros. Veja a resenha da leitora.

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“Quo Vadis, Aida?” é um filme necessário para começarmos a entender as nuances que permeiam muitos dos conflitos atuais. O longa trata de um episódio específico e trágico na história recente da Bósnia –o massacre de Srebrenica, ocorrido em 1995. É impossível não se emocionar.

Por meio das expressões faciais de moradores da cidade, o filme coleciona imagens comoventes, capazes de transmitir os sentimentos mais íntimos de cada um. Guardarei por um tempo essas cenas na minha memória.

A obra de Jasmila Zbanic não trata da construção de um herói de guerra, como usualmente ocorre em filmes dessa temática, mas sim do caráter completamente destrutivo de um genocídio. As marcas do fuzilamento de 8.000 homens e meninos bósnios fazem parte da história do país e não devem ser esquecidas.

Zbanic ainda traz outro importante ponto de vista do conflito: a fragilidade da ONU diante de situações humanitárias.

O filme está a todo momento lembrando a raiz dessa debilidade: a Organização das Nações Unidas é formada essencialmente por pessoas e, como tal, está fatalmente condicionada a erros.

Mas é justamente esse fato que faz da entidade um agente tão fundamental nas tensões geopolíticas. O funcionamento da ONU, mesmo que remeta a uma faca de dois gumes, é engrenagem substancial na cooperação entre os países.

No filme, o manejo dessa faca é prejudicial. Resta a nós saber como minimizar os seus efeitos.

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Por que um mergulhador e um polvo vão te emocionar e até concorrer ao Oscar https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/04/06/por-que-um-mergulhador-e-um-polvo-vao-te-emocionar-e-ate-concorrer-ao-oscar/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/04/06/por-que-um-mergulhador-e-um-polvo-vao-te-emocionar-e-ate-concorrer-ao-oscar/#respond Tue, 06 Apr 2021 21:06:06 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/professor-polvo-2-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 “Professor Polvo”, lançado em setembro passado na Netflix, poderia passar pelo streaming como uma produção a la “National Geographic”. Mas eis que surge na lista de indicados ao Oscar 2021, e os holofotes se voltam de vez ao título. O que será que ele revela?

Comecei a assistir ao documentário pensando que permearia a vida marítima e suas peculiaridades –como de fato faz–, porém jamais iria imaginar que me pegaria com os olhos marejados e torcendo pela inesperada amizade entre um mergulhador e um molusco.

O filme acompanha Craig Foster, documentarista e mergulhador que explora as águas geladas de uma floresta de algas na África do Sul, no Cabo das Tormentas.

Em uma tentativa de desopilar e se curar de uma profunda depressão, em 2010, ele começa a mergulhar diariamente. Percebe então na água um animal estranho, escondido atrás em um manto de conchas: era a fêmea de um polvo.

Fascinado pela criatura, tenta se aproximar, mas ela retrai. Foster decide, então, mergulhar todos os dias no mesmo local, a fim de provar para o molusco que não era um predador.

O resultado dessa empreitada vale sua atenção e também a indicação ao Oscar, já que o filme esmiúça com imagens extraordinárias detalhes que nem artigos científicos conseguem ilustrar.

No 26º dia de mergulho consecutivo, o documentarista começa a ganhar a confiança do polvo. A reação que sela o começo dessa amizade é incrível e digna de deixar aquele nozinho na garganta.

Dia após dia, Craig Foster –até então declaradamente cético quanto aos sentimentos de seres não-racionais– vai se aproximando do polvo. Passa um ano inteiro acompanhando a rotina do molusco, que claramente permite que aquele humano entre em seu mundo secreto.

Nessa relação cada vez mais íntima passam a surgir, também, contradições. Até que ponto Foster deve só observar? Ele pode intervir? A presença dele pode mudar de alguma forma o destino daquela fêmea de polvo?

O fato é que a vida do polvo se entrelaça com o do documentarista, e o resultado é muito emocionante (não darei aqui o spoiler, é claro). Para além da vida marítima, os encontros ajudam a vida pessoal de Foster, que consegue sair da depressão e se conectar novamente ao filho.

Além disso, é também um minucioso registro científico, que culminou na criação do Sea Change Project, organização que visa proteger as florestas marítimas.

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Com até 27 minutos, curtas falam de Estado Islâmico, morte e superação; veja seis indicações https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/03/17/com-ate-27-minutos-curtas-falam-de-estado-islamico-morte-e-superacao-veja-seis-indicacoes/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/03/17/com-ate-27-minutos-curtas-falam-de-estado-islamico-morte-e-superacao-veja-seis-indicacoes/#respond Wed, 17 Mar 2021 19:56:38 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/o-mercador-1-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1226 Streaming não é feito só séries e suas intermináveis temporadas. Há muito conteúdo de qualidade nas plataformas online –o pitaco é de que vale a pena pesquisá-las mais a fundo.

Para quem está em casa, mas sem tanto tempo disponível, separamos seis documentários curtinhos da Netflix que trazem à tona assuntos importantíssimos. São no máximo 27 minutos. Bora assistir?

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Zion (2018) – 11 min.

O documentário é curtinho, mas poderia até virar um longa-metragem pela força de sua história. Mostra a trajetória do lutador americano Zion Clark, que nasceu com uma doença rara, a síndrome da regressão caudal, e que devido a isso não tem os membros inferiores.

Abandonado ao nascer, Zion passa por diversas casas de acolhimento até ser adotado e encontrar na mãe e em seu treinador o incentivo para seguir a carreira de lutador. Zion continua no atletismo até hoje e luta por uma vaga na equipe olímpica dos EUA.

Zion Clarck em cena do documentário ‘Zion’ (Reprodução)

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Os Fantasmas de Sugar Land (2019) – 21 min.

O filme acompanha um grupo de muçulmanos que moram na pequena cidade de Sugar Land, no Texas, e tentam entender o que levou um de seus grandes amigos a se juntar ao Estado Islâmico.

O documentário mostra, por meio dos relatos do grupo, a personalidade de Mark (nome fictício dado a Warren Christopher Clark) e tenta destrinchar possíveis questões que o levaram ao extremismo. Joga luz também ao papel das redes sociais no terrorismo.

Cena do curta-metragem ‘Os Fantasmas de Sugar Land’ (Reprodução)

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Cartas de Dunblane (2018) – 22 min.

A discussão sobre posse e porte de armas permeia esse documentário, cuja narrativa se desenvolve por meio da troca de cartas entre dois padres que vivenciaram situações parecidas: tiroteios em escolas de suas comunidades.

No filme, o padre escocês Basil O’Sullivan –responsável pelo enterro das crianças que foram vítimas do episódio que ficou conhecido como Massacre de Dunblane, em 1996– compartilha sua experiência e conforta o padre americano Bob Weiss, devastado após a tragédia que atingiu a escola primária de Sandy Hook, em Connecticut, em 2012.

O padre Bob Weiss em cena do documentário 'Cartas de Dunblane' (Reprodução)
O padre Bob Weiss em cena do documentário ‘Cartas de Dunblane’ (Reprodução)

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Sovdagari – O Mercador (2018) – 23 min.

O filme acompanha um pequeno vilarejo rural na Geórgia, cuja fonte de renda e sobrevivência é o plantio de batatas. São poucos diálogos e cenas muito impactantes.

Ao acompanhar um comerciante que chega ao local para vender produtos de segunda mão, o curta chama a atenção por mostrar a realidade de um povo que vive à margem da sociedade e sem políticas públicas. O foco vai também para a moeda que, de tão desvalorizada, é substituída –as negociações ali são feitas com escambo.

Cena de ‘Sovdagari – O Mercador’, curta disponível na Netflix (Reprodução)

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Extremis (2016) – 24 min.

Indicado ao Oscar de curta-metragem em 2017, retrata as difíceis decisões que médicos, familiares e os próprios pacientes precisam tomar na UTI. Gravado bem antes da possibilidade de existir uma pandemia, acompanha duas pacientes de um hospital em Oakland, na Califórnia, que estão ligadas a respiradores –Donna, que tem uma doença degenerativa, e Selena, que sofreu uma parada cardíaca.

Em seus 24 emocionantes minutos, o filme consegue levantar questões como ética médica, empatia, autonomia do paciente e da família, necessidade de serviços de saúde públicos e cuidados paliativos.

Cena do documentário ‘Extremis’, disponível na Netflix (Reprodução)

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Surfar por uma Nova Vida (2017) – 27 min.

A temática dos veteranos de guerra é bem comum em filmes e séries norte-americanos. Neste documentário, ela é protagonista.

O curta se desenvolve partindo da história de Bobby Lane, um combatente da Guerra do Iraque que, com traumas e após pensar em suicídio, passa a integrar um programa de surfe. O relato dele e de outros soldados constrói a narrativa, que permeia a forma como o esporte pode mudar e salvar vidas.

Veterano de guerra, que usa prótese nas pernas, se prepara para surfar
Cena de ‘Surfar por uma Nova Vida’, da Netflix (Reprodução)

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E você, que filmes, séries ou peças tem assistido? Viu algum espetáculo online ou presencial na pandemia? Escreva para pitacocultural@gmail.com e envie sua resenha. Não esqueça de mandar nome completo, profissão, idade e cidade.

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