Pitaco Cultural https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br Suas impressões sobre filmes, peças, música e comida Tue, 07 Dec 2021 18:35:25 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Vacinado, voltei presencialmente ao teatro e me emocionei, conta leitor https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/10/27/vacinado-voltei-presencialmente-ao-teatro-e-me-emocionei-conta-leitor/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/10/27/vacinado-voltei-presencialmente-ao-teatro-e-me-emocionei-conta-leitor/#respond Wed, 27 Oct 2021 18:50:54 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/tectonicas-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1510 O pitaco de hoje é do leitor Marcos Barbosa, 50, advogado, ator e dramaturgo.

Marcos é um amante do teatro e conta ao blog como foi voltar a assistir a uma peça presencialmente depois de quase dois anos. Ele também relata o que achou da montagem que viu, “Tectônicas”, em cartaz no Sesi da avenida Paulista, em São Paulo.

Ambientada no interior paulista, a trama gira em torno da família de Jorge, um latifundiário dono de uma usina de açúcar. O conflito que a dispara é uma acusação que Jorge faz contra Marcelo, namorado da filha que supostamente a teria agredido.

***

Depois de dois anos, tomei coragem: fui com minha esposa, vacinados, assistir a uma peça no teatro. É o lugar que mais frequento –por temporada, já cheguei a ver 55 montagens.

Assisti “Tectônicas” no Sesi da avenida Paulista, uma ótima peça, teatro puro na veia. Não me decepcionei.

O retorno presencial a uma sala foi maravilhoso. Fiquei emocionado ao entrar. Aliás, esperando na porta, já estava muito emocionado em poder voltar a ver um espetáculo, ao vivo e a cores, como é o teatro de
verdade.

Houve mudanças sensíveis nas regras após o fechamento por causa da pandemia. A sala estava com uma capacidade bem menor, com bom distanciamento entre os espectadores –e os protocolos, principalmente uso de máscaras, sendo respeitado.

Sobre a peça, “Tectônicas” funciona principalmente porque dá voz ao teatro, sem estardalhaços pirotécnicos. Há uma tensão que fica pairando no ar e nos prende entre os personagens: um pai, uma filha e o antigo namorado, preso por supostamente cometer um crime.

Uma amante quase silenciosa desaba seu inconformismo cantando pequenos trechos de sucessos de Roberto Carlos. A esposa atual ressente um passado obscuro do marido.

Tudo se passa dentro de um clima de violência, às vezes explicita, outras implícita.

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Tectônicas. Teatro do Sesi-SP – av. Paulista, 1.313 (próximo ao Metrô Trianon-Masp). De sexta e sábádo: 20h. Domingo: 19h. Até 5/12. Grátis.

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E você, que filmes, séries ou peças tem assistido? Viu algum espetáculo online ou presencial na pandemia? Escreva para o email pitacocultural@gmail.com e envie sua resenha. Não esqueça de mandar nome completo, profissão, idade e cidade.

 

 

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7 motivos para ouvir ‘Paciente 63’, série com Seu Jorge e Mel Lisboa que mistura viagem no tempo e pandemia https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/7-motivos-para-ouvir-paciente-63-serie-com-seu-jorge-e-mel-lisboa-que-mistura-viagem-no-tempo-e-pandemia/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/7-motivos-para-ouvir-paciente-63-serie-com-seu-jorge-e-mel-lisboa-que-mistura-viagem-no-tempo-e-pandemia/#respond Wed, 01 Sep 2021 20:25:56 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/paciente-63-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1453 Uma experiente psiquiatra é apresentada a seu novo paciente, um homem que foi encontrado após um surto e que recebeu o diagnóstico de “psicose paranóide”. No hospital, eles iniciam a terapia, e esse homem –Pedro Roiter, designado como paciente 63– tenta convencer a médica, Elisa Amaral, de que é um viajante do tempo que retornou para salvar a humanidade de um vírus mortal.

O enredo digno de filme na verdade guia uma áudio série, “Paciente 63”, original do Spotify. A obra é a versão brasileira do podcast chileno “Caso 63”, de Julio Rojas, que chegou a ser citado como um destaque digital na retrospectiva do New York Times em 2020. Por aqui, os personagens ganham vida e vozes marcantes e conhecidas: Mel Lisboa (Elisa) e Seu Jorge (Pedro).

O diálogo profundo entre os protagonistas prende o ouvinte e o leva a uma confusão de sentimentos, que ora passam pela verossimilhança, ora voam longe da realidade. Pedro jura que voltou de 2062 para 2022, ano em que a série se passa, com um propósito maior. E ele precisa convencer sua médica de que não é esquizofrênico.

“Paciente 63” é um podcast de ficção científica com ar de radionovela, envolvente e muito enigmático. Destacamos alguns motivos pelos quais você deve ouvi-lo.

1. Os episódios são curtinhos e intensos. Têm cerca de 15 minutos cada um, sendo que a temporada completa reúne 10. Ou seja: a ideia é maratonar como uma série de televisão. Até porque é quase impossível não querer avançar na história para entender o que está acontecendo.

2. A série apresenta situações distópicas, mas nem tanto. Pedro diz que a geração do futuro é chamada de EP –entre pandemias–, e que se habitou a viver basicamente no mundo das telas, sem muito contato humano. Parece possível? Na geração EP, o tête-à-tête se dá mais como uma prova de fé do que como algo habitual, e a nuvem de dados vira um marco temporal que também divide períodos.

3. O texto cita teorias que realmente existem fora do podcast, como a Lei de Desdobramento do Tempo e do Espaço, do cientista Jean Pierre Garnier Malet. Ela fala em aberturas temporais que nos ajudariam a entender sonhos e premonições –e o pé na dúvida, no “será?”, torna a história ainda mais interessante.

4. O paciente 63 desafia a psiquiatra e suas argumentações técnicas a todo momento. E nos faz novamente traçar um paralelo entre a série ficcional e a realidade pandêmica, em que a ciência tem sido colocada a prova com teorias conspiratórias e desinformação.

5. A áudio série tem uma suposição sobre a vida em Marte. Da qual não falaremos, para não conter (mais) spoilers.

6. É quase previsível dizer, mas as interpretações de Mel Lisboa e Seu Jorge são ótimas e sobem ainda mais a régua da obra, que já é excepcional. O ouvinte se vê imaginando as cenas, as expressões faciais, os suspiros… Vozes que envolvem totalmente o expectador na trama.

7. O final é inesperado –ainda que ser inesperado seja, de certa forma, o desfechado esperado em uma ficção científica. E deixa aquela dúvida: haverá uma segunda temporada?

Esperamos fortemente que sim.

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Paciente 63. Série em formato de podcast, disponível no Spotify.

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Com doações fixas, hamburgueria em SP já entregou 8.000 sanduíches a moradores de rua https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/05/25/com-doacoes-fixas-hamburgueria-em-sp-ja-entregou-8-000-sanduiches-a-moradores-de-rua/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/05/25/com-doacoes-fixas-hamburgueria-em-sp-ja-entregou-8-000-sanduiches-a-moradores-de-rua/#respond Tue, 25 May 2021 19:18:09 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/burger-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1332 Com pouco mais de um ano de funcionamento, a Burger da Rua, em São Paulo, já tem bastante a celebrar. Além de ter dobrado seu faturamento na pandemia, a lanchonete se orgulha de ter doado cerca de 8.000 sanduíches a pessoas que moram nas ruas.

É que desde que foi criada, no fim de 2019, a hamburgueria tem uma meta fixa: a cada dez lanches vendidos, um é doado para quem precisa. “Nós já fazíamos ações sociais antes. Quando tivemos a ideia de abrir o negócio, pensamos em atrelar uma coisa à outra”, conta Raphael Fernandes, 29, um dos três sócios do estabelecimento.

São cerca de 500 sanduíches entregues todos os meses, seja pelas mãos dos próprios sócios, seja por meio de ONGs que atuam com a população em situação de rua. Para complementar, a hamburgueria passou a disponibilizar nos aplicativos de entrega a opção “kit higiene”. Dessa maneira, além da comida, o cliente pode comprar –com mais R$ 5– itens como sabonete, pasta de dente e máscara para serem doados.

O nome “da Rua”, por sinal, veio do viés social e também do fato de que, com apenas um balcão, o espaço nasceu para que os clientes comprassem e comessem o sanduíche por ali, mesmo –na rua. Hábito que acabou transferido para o conforto do lar, é claro, na pandemia.

Entre as opções oferecidas –todas por até R$ 20– estão o Burger da Rua, que leva o nome da casa e 120 g de carne, queijo prato e maionese, e o Original da Rua, com queijo cheddar, cebola picada e picles. Quem não come carne pode escolher o hambúrguer e trocar pela opção vegetariana. E por R$ 29,97, leva-se qualquer opção do cardápio acrescida de batata frita e uma bebida.

A carne, salvo pedidos, chega para o cliente ao ponto: crocante por fora, vermelha e suculenta por dentro.

É uma benção ver que estamos trabalhando e ao mesmo tempo doando, todo mês, 500 lanches. Isso é o que nos motiva, o que nos faz trabalhar todos os dias com um sorriso no rosto”, afirma Fernandes.

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Burger da Rua. Rua Cadineus, 19, Moema, São Paulo, das 11h às 23h. Delivery por apps de entrega e WhatsApp.

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E você, que deliveries pediu e adorou durante a pandemia? Tem assistido a filmes, séries ou peças? Escreva para o email pitacocultural@gmail.com e envie sua resenha. Não esqueça de mandar nome completo, profissão, idade e cidade.

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Ir ao teatro na pandemia é um misto de angústia e esperança https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/02/08/ir-ao-teatro-na-pandemia-e-um-misto-de-angustia-e-esperanca/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/02/08/ir-ao-teatro-na-pandemia-e-um-misto-de-angustia-e-esperanca/#respond Mon, 08 Feb 2021 19:51:45 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/teatro-alfa-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1168 Eu não pisava em um teatro havia dez meses.

Quem trabalha e consome cultura foi atingido em cheio pela pandemia do coronavírus. O entretenimento foi um dos primeiros setores a fechar e será um dos últimos a reabrir totalmente.

Mas, como tudo e todos, o teatro foi se adaptando. Centros culturais da capital paulista começaram a retomar a programação presencial com as mudanças de fase do Plano SP –ainda que timidamente, se compararmos com o que acontecia antes do “novo normal”.

Assistir a uma peça depois de tanto tempo, e ainda vivendo uma das fases mais críticas da pandemia, é angustiante.

Não pelo medo do contágio, propriamente. Não visitei todos os teatros que retomaram suas atividades, mas ouso dizer que as instituições sérias estão seguindo rigorosamente os protocolos de prevenção à Covid. É de interesse de todos, e delas, especialmente, que os espectadores estejam seguros.

A sessão que acompanhei, no Teatro das Artes, tomou todos os cuidados: cadeiras estavam pregadas (literalmente) para que as pessoas se espalhassem mais. Além disso, uso de máscara obrigatório; álcool em gel disponível na entrada; sinalização para distanciamento na fila; saída por fileiras, no fim do espetáculo, para evitar aglomeração na porta.

Mas é angustiante ver uma sala vazia. Primeiramente porque não é permitido vender todas as cadeiras disponíveis, o que colocaria a todos em risco. Depois porque, ainda assim, nem sempre os espetáculos estão com a capacidade permitida completa.

É que nem todos devem se expor e sair de casa. Nem todos têm dinheiro para comprar ingresso, dado a crise econômica que estamos vivendo. E talvez o público mal saiba que o teatro está voltando.

Imagem também como é, para o ator, não poder ouvir uma salva grandiosa de palmas ao retomar contato com o público?

Por outro lado, fortalecer o teatro e a cultura se tornaram sinônimo de esperança. Não entro nem no mérito das políticas públicas (que deveriam ser prioridade), mas também na importância do público ser protagonista deste espetáculo.

Há peças online com ingressos por valores super acessíveis —pesquisa Datafolha realizada em outubro mostra que, para 67% dos brasileiros, a pandemia democratizou o acesso à cultura na internet. Além disso, há outros presenciais acontecendo nos palcos de locais sérios e comprometidos com a segurança.

São dez meses de cultura apenas resistindo. Para que ela possa também existir, precisamos estar juntos.

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Em temporada presencial, peça em SP fala sobre amizade e autoperdão https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/02/08/em-temporada-presencial-peca-em-sp-fala-sobre-amizade-e-autoperdao/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2021/02/08/em-temporada-presencial-peca-em-sp-fala-sobre-amizade-e-autoperdao/#respond Mon, 08 Feb 2021 19:51:25 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/Davi-Gomes-e-João-Sampaio-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1189 Na noite de Réveillon do ano 2000, passagem para 2001, Ian está sozinho. Pouco antes da virada do milênio, o rapaz relata em um gravador suas lembranças e a culpa por, meses antes, ter ultrapassado com o carro um sinal vermelho –atitude que custou a vida de seus familiares.

A noite seria permeada por memórias, solidão e dor se não fosse a chegada de Noah, seu melhor amigo, que tenta animá-lo e mostrar que há outros tantos motivos para se viver e esperar dias melhores.

Nesse contexto, os atores Luccas Papp, 28, e Leonardo Miggiorin, 39, conduzem a peça “A Bicicleta de Papel”, que retomou temporada presencial no Teatro das Artes, em São Paulo. O texto extremamente sensível conduz o espectador por uma conversa entre dois amigos de infância que estão se redescobrindo.

“A peça vem como um alento ao mostrar a solidão por um ponto de vista diferente”, relata Lucas Papp. “Ela é um ode à amizade e revela como podemos estar com as pessoas que a gente ama, mesmo que elas não estejam por perto”, complementa o ator –que não tinha nem ideia do que seria a pandemia quando escreveu o texto, há dois anos.

Com diálogos narrativos e muitas vezes provocativos, os amigos relembram sua trajetória e mostram a importância da superação e, principalmente, do autoperdão. Mesmo embasada por uma grande tragédia –a morte dos pais e da irmã de Ian–, “A Bicicleta de Papel” fala sobre amor, esperança e a sobre importância das conexões entre aqueles que se amam.

“Na pandemia eu tive depressão, meu avô morreu de Covid. Eu tive que me ancorar na minha família, nos meus amigos, em que estava por perto. Por isso digo que a peça bate um pouquinho em algum lugar de todos que a assistem”, relata Papp.

RETOMADA NA PANDEMIA

“A Bicicleta de Papel” entra em cartaz em meio ao abre e fecha das atividades consideradas não essenciais no Plano SP de quarentena do estado. “É um tema que levanta discussão”, conta o autor. “Antes de voltar, conservei seriamente com minha equipe e com o teatro para que todas as medidas de segurança fossem tomadas“.

Os atores em cena de “A Bicicleta de Papel” (Davi Gomes e João Sampaio)

Para receber montagens com público, o teatro delimitou a capacidade em 40% e só permite o uso de poltronas alternadas, de modo que os espectadores fiquem bem distanciados. O uso de máscara é obrigatório, há álcool em gel e organização na entrada e na saída, de forma que ninguém aglomere. “No fim, as pessoas estão muito mais aglomeradas dentro do shopping do que dentro do teatro, que fica dentro do shopping”, afirma Lucas Papp.

“Eu sei que existe um público muito pequeno, menor que o de bares e baladas, que precisa de arte para sobreviver. E o teatro também é meu ganha pão. Estar em cartaz é manter a arte viva e mostrar que é possível, sim, fazer cultura tomando todos os cuidados.”

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A Bicicleta de Papel. Teatro das Artes. Shopping Eldorado. Av. Rebouças, 3.970, Pinheiros, SP. Domingos, às 19h. Temporada prorrogada até 28/3. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), em teatrodasartesp.com.br

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Casa em SP tem cachorro-quente bovino para cliente nenhum botar defeito https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/11/17/casa-em-sp-tem-cachorro-quente-bovino-para-cliente-nenhum-botar-defeito/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/11/17/casa-em-sp-tem-cachorro-quente-bovino-para-cliente-nenhum-botar-defeito/#respond Tue, 17 Nov 2020 19:09:35 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/z-dog-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1102 Na virada de 2019 para 2020, decidi deixar de comer carne de porco. Amante (e ex-repórter) de gastronomia que sou, sabia que sentiria falta de alguns clássicos: pão com mortadela, feijoada, linguiça no churrasco… Mas era uma decisão consciente. E no fim, tudo bem: em ano de coronavírus, esse se tornou o menor dos meus problemas.

Grata foi a surpresa, então, ao conhecer a empreitada que os sócios da Z Deli Sandwiches abriram no centro de São Paulo, na pandemia: a Z Dogs, marca de delivery e retirada de cachorro-quente. Lá, os hot-dogs têm receitas exclusivas e levam, para minha felicidade, salsicha bovina –comum nos EUA, mas nem tanto no Brasil.

E não é qualquer salsicha. Os embutidos são feitos na casa, como já é tradição com outros clássicos da Z Deli (pastrami, brisket), e não têm conservantes ou corantes artificiais. A matéria-prima é miolo de acém de Angus e gordura do dianteiro. No Bratwurst (R$ 15), por exemplo, a salsicha bovina acompanha chucrute e mostarda artesanal.

“Estamos testando essa salsicha desde 2014”, conta o cozinheiro e sócio Júlio Raw. “Em quatro pessoas, ficavámos o dia inteiro pra fazer umas 400 salsichas. Por acreditarmos que a tecnologia, se usada de boa forma, traz padronização e qualidade, hoje fazemos nossa salsicha em uma pequena indústria parceira”. Com o maquinário, explica ele, a produção chega a 4.000 unidades em 4 horas.

Atualmente, a Z Dog trabalha com sete opções de cachorros-quentes inspirados em culinárias de vários países. Além do Bratwurst, há opções como o Cheese Dog (R$ 16), que leva queijo americano da casa, relish e cebola crua picada; o Chicago Dog (R$ 23), com tomate concassê, relish de pepino, cebola, picles de jalapeño, mostarda e sal de salsão; o Chilli Dog (R$ 27), com molho picante de feijão preto, carne moída, legumes e molho de tomate cobertos por queijo americano.

Há ainda duas versões com bacon (de porco, este sim): o Cabron (R$ 27), com salsicha chapeada, bacon, creme de avocado, sour cream, cebolinha, jalapeño e queijo americano ralado, e o Cheese Bacon Dog (R$ 21), uma versão turbinada do Cheese Dog. A quem quer provar um cachorro-quente nada convencional, fica o pitaco: experimentar o Lamb Dog (R$ 23), de pegada árabe, com salsicha de cordeiro, tomate concassê, coalhada seca e vinagrete de cebola roxa com coentro.

Para acompanhar, é só pedir a porção das batatas-fritas tradicionais, sanfonadas e sequinhas da casa. E lamber os dedos, pois hot-dog que se valha suja, mesmo.

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Z Dogs. Rua Haddock Lobo, 1.383, Jardins, São Paulo, SP. Para retirada, diariamente, das 11h30 às 24h, ou delivery no iFood.

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Por 13 dias, fui um amor antigo de Reynaldo Gianecchini https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/por-13-dias-fui-um-amor-antigo-de-reynaldo-gianecchini/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/11/09/por-13-dias-fui-um-amor-antigo-de-reynaldo-gianecchini/#respond Mon, 09 Nov 2020 12:42:25 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/giane-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1074 “Oi. Tudo bem? Quanto tempo…”

Com essas palavras, e se desculpando de antemão por parecer inconveniente, Reynaldo Gianecchini me chamou no WhatsApp. Ele não sabia se deveria me procurar, mas decidiu escrever mesmo assim.

A quarentena e o período de isolamento o fizeram relembrar o amor do passado. Com mensagens de voz, fotos e músicas, ele contou, ao longo de 13 dias, todas as formas em que pensou em mim.

Por quase duas semanas, fui um amor antigo de Reynaldo Gianecchini. Suas palavras foram tão envolventes que, no final do período, senti saudades de receber mais mensagens.

É que a proposta de “Amor de Quarentena”, uma peça (ou experiência audiovisual) totalmente realizada por WhatsApp, é fazer com que o espectador se veja no papel desse amor adormecido.

Durante 13 dias, o participante recebe mensagens de celular do ator escolhido –Gianecchini, Jonathan Azevedo, Mariana Ximenes ou Débora Nascimento. O texto, delicado e poético, desmembra as nuances do que seria reviver um amor que ficou no passado.

Mensagens enviadas fazem parte da peça ‘Amor de Quarentena’ (Reprodução)

Como dizer, depois de anos, que você pensou em alguém? Como explicar a forma com que o sol forte, batendo do lado de fora da janela, traz memórias de um amor que já findou?

A proposta é que o participante entre nesse universo e se coloque no lugar do destinatário das mensagens, transformando-se em um personagem. Após comprar a experiência e escolher com que ator quer realizá-la, o espectador recebe as instruções (como usar fones de ouvido e não responder).

“Achei que tinha tudo a ver falar de amor nesse período em que estamos tão sensíveis. E acho que esse personagem é muito possível na quarentena”, relata Gianecchini, que, assim como os demais atores, gravou as cerca de 60 mensagens que compõem a peça na própria casa.

“Amor de Quarentena” foi prorrogada até 30 de novembro e agora conta com reforço internacional: os atores Jaime Lorente (La Casa de Papel) e o Leonardo Sbaraglia (“Relatos Selvagens”). Nesses casos, como os áudios são em espanhol, o participante recebe os textos traduzidos para o português.

Vale saber: parte da renda arrecadada com o espetáculo é destinada ao fundo Marlene Colé, que apoia técnicos e artistas das artes cênicas impactados pela pandemia.

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Amor de Quarentena. Até 30/11. Ingressos: R$ 40, em sympla.com.br.

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Acredito que a comida pode transformar a realidade desigual em que vivemos, diz leitor que vende e doa pães https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/acredito-que-a-comida-pode-transformar-a-realidade-desigual-em-que-vivemos-diz-leitor-que-vende-e-doa-paes/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/acredito-que-a-comida-pode-transformar-a-realidade-desigual-em-que-vivemos-diz-leitor-que-vende-e-doa-paes/#respond Thu, 22 Oct 2020 19:13:24 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/pão1-1-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=1046 O pitaco de hoje é de Dereck Carrari, 25, que mora em Brasília (DF). Dereck é um dos fundadores do Pão da Gente, que vende pães de fermentação natural, integrais e brioches por delivery. Ah, o Pão da Gente é também um projeto social!

Depois de conhecer a história da paulistana Luiza Wolf, que criou uma  padaria de fermentação natural na quarentena, ele resolveu entrar em contato com o blog e relatar a sua. Confira.

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Pão da Gente foi criado em abril com o objetivo de vender produtos e doar de maneira permanente não apenas pães, mas também cestas de alimentos, água e itens de higiene pessoal para pessoas em situação de vulnerabilidade social. A cada três pães vendidos, doamos um. Já alcançamos quase 260 unidades doadas!

Eu atuei na área ambiental em São Paulo, logo após me formar. Quando me mudei para Brasília, há dois anos, foquei em estudar para o mestrado. Mas com a paralisação das atividades da universidade, por conta da pandemia, passei a me dedicar integralmente ao projeto.

A ideia de trabalhar com pães resultou da busca por um produto que muita gente consumisse e que pudesse ser produzido em uma escala considerável –dentro de um apartamento.

Brioche vendido no projeto Pão da Gente (Acervo pessoal)

Eu cresci envolvido com culinária. Minha avó não só cozinhava muito bem como teve padaria há muitos anos. Minha mãe fez doces por um tempo, durante a minha infância, então sempre tive contato com a cozinha de alguma forma.

Iniciei fazendo pães mais simples, com farinha branca e fermento biológico seco (esses de mercado). Logo adicionei ao cardápio pães de fermentação natural, fermentados por longos períodos (de 8 a 12 horas), e pães semi-integrais (40% de farinha integral). Recentemente, lancei o brioche.

Nossa meta é provocar engajamento das pessoas e convidá-las a assumir o compromisso de ter hábitos de consumo mais responsáveis, valorizando negócios locais e se preocupando com o bem-estar das pessoas. Por isso, os pães são fabricados, preferencialmente, com ingredientes orgânicos e de produtores locais.

Acredito no poder da comida para ajudar a mudar a realidade de extrema desigualdade em que vivemos no nosso país, especialmente num momento tão complexo como o de uma pandemia.

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Pão da Gente. Brasília (DF). Encomendas pelo Instagram (@paodagente) ou pelo WhatsApp.

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Como é assistir ao teatro online e por que vale a pena https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/09/21/como-e-assistir-ao-teatro-online-e-por-que-vale-a-pena/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/09/21/como-e-assistir-ao-teatro-online-e-por-que-vale-a-pena/#respond Mon, 21 Sep 2020 11:00:02 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/a-lista-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=990 A pandemia fez com que setores se reinventassem e fizessem adaptações para sobreviver à crise. O entretenimento talvez seja um dos mais emblemáticos, já que é bem difícil ter cinema, teatro e show sem aglomeração.

Ainda que alguns teatros estejam retornando, com novos protocolos e público reduzido, a maioria investiu nas peças online para continuar levando as artes cênicas até o público.

Mas como é assistir a uma peça online? Dá para matar a saudade que é ver os atores no palco tendo como intermediária uma tela?

Este blog acompanhou, na última quinta (17), o espetáculo “A Lista”. A peça é encenada por Lilia Cabral e sua filha, Giulia Bertolli, e está em cartaz no teatro PetraGold, no Rio de Janeiro.

A montagem mostra o diálogo de uma senhora de Copacabana e sua jovem vizinha, que se oferece para fazer as compras de supermercado durante a pandemia.

Aí já temos o primeiro ponto positivo do online: como seria possível sair de São Paulo e estar no Rio tão facilmente para assistir a uma peça? Nesta quinta, a autora que aqui escreve terminou de trabalhar e precisou de pouco menos de cinco minutos para conectar o Zoom e acompanhar.

Cerca de 130 participantes estavam presentes, e havia gente de diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco… Ao logar, via-se as cortinas ainda fechadas. Câmeras e microfone dos espectadores forem desligados pelo moderador da sala, a fim de evitar que atrapalhassem a progressão do espetáculo. Instruções de como acompanhar da melhor forma pela tela do celular, ou do computador, foram passadas.

Tela de computador mostra Giulia Bertolli e Lilia Cabral em cena de 'A Lista'
Giulia Bertolli e Lilia Cabral em cena de ‘A Lista’, pelo computador (Reprodução)

De repente, os três apitos característicos sinalizaram que a peça iria começar. O friozinho na barriga que temos quando estamos na sala, presencialmente, aparece. E a trama começa –cortinas abertas, atrizes no palco. Encenando, é claro, para uma câmera. Nenhuma intercorrência atrapalhou som ou imagem.

Enquanto acompanhava a brilhante atuação de Lilia e Giulia, pude pegar um café e carregar no colo minha cachorra, que assistiu à peça comigo atentamente. No fim, um telão desceu para que as atrizes pudessem ver nossos rostos.

Câmeras  e microfones foram religados a fim de que pudéssemos interagir –que triste seria o fim de um espetáculo sem o calor dos aplausos!– e conversar brevemente com as duas, enviando perguntas.

Foi, portanto, uma experiência diferente e bastante agradável. E antes que venham as críticas, é importante ressaltar: não, o computador não substitui a emoção de ver uma peça presencialmente. Mas ele torna a arte um pouco mais acessível.

Ainda que seja preciso ter uma conexão boa para acompanhar o aplicativo de conferência, o online possibilita estar em qualquer teatro do país, e do mundo, em poucos cliques. E os preços são realmente atrativos: “A Lista”, por exemplo, começa em R$ 12,50. Para quem quiser (e puder) pagar mais e apoiar a arte na pandemia, há a opção. Mas não é impositivo.

Fica assim a ideia. Por que não incorporar a opção para o novo normal? Somar não é disputar. A arte vai precisar de todas as forças para passar pela pandemia, e voltar forte dela.

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A Lista. Quinta (24) e sexta (25), às 16h45. Ingressos em sympla.com.

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E você, que filmes, séries e peças te inspiram nesse momento? Escreva para pitacocultural@gmail.com e envie sua resenha. Não esqueça de mandar nome completo, profissão, idade e cidade.

 

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Vencedor de Oscar, drama com Kate Winslet faz pensar sobre pré-julgamento, conta leitor https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/09/09/vencedor-de-oscar-drama-com-kate-winslet-faz-repensar-sobre-pre-julgamento-conta-leitor/ https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/2020/09/09/vencedor-de-oscar-drama-com-kate-winslet-faz-repensar-sobre-pre-julgamento-conta-leitor/#respond Wed, 09 Sep 2020 11:00:20 +0000 https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/o-leitor-300x215.jpg https://pitacocultural.blogfolha.uol.com.br/?p=981 O pitaco de hoje é de Mario Celio de Andrade, 62, bancário aposentado e morador de Divinópolis (MG). Ele indica aos leitores do blog o filme “O Leitor” (2008), drama que teve cinco indicações ao Oscar e levou o de melhor atriz com Kate Winslet.

O longa é inspirado no romance homônimo, de Bernhard Schlink. Narra a história de Michael Berg (David Kross), um adolescente de 15 anos que vive uma paixão com Hanna Schmitz (Kate Winslet), mulher mais velha que um dia simplesmente desaparece.

Oito anos se passam e Berg, agora estudante de direito, se surpreende ao revisitar o passado enquanto analisa um julgamento de crimes de guerra cometidos por nazistas.

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E você, que filmes ou séries te inspiram nesse momento? Escreva para pitacocultural@gmail.com e envie sua resenha. Não esqueça de mandar nome completo, profissão, idade e cidade.

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“O Leitor” é um drama que nos faz mudar mais de uma vez o julgamento dos personagens centrais. Nele, uma mulher analfabeta e sem trato se relaciona com um jovem adolescente numa Alemanha do período nazista. É uma relação complexa, de dependência e culpa, mas muito interessante do ponto de vista humano.

Do ponto de vista dramático, “O Leitor” é o filme mais completo que eu vi. Se não tivermos atenção, podemos julgar os personagens de forma superficial.

Michael e Hanna vivem um relacionamento improvável devido às diferenças de idade e cultural –uma vez que Hanna é analfabeta. O encontro entre os dois é casual. Ele passa mal perto da casa dela, e ela o leva para dentro, para cuidar dele.

O adolescente acaba se apaixonando, e Hanna e se encanta com a possibilidade de ter alguém que possa ler para ela. Mas em algum momento essa mulher desaparece, e anos depois, ao final da guerra, os dois acabam se reencontrando em um julgamento, acidentalmente. Ele pode inocentá-la.

Acompanhando o desenvolvimento da história, nos colocamos no lugar de um e de outro, com suas mágoas e desencontros, e percebemos como é difícil entender o outro sem estar em sua pele. Cada um, ao seu modo, tem razão e está errado –depende do ponto de vista e da oportunidade.

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