6 motivos para assistir ao musical ‘Elza’, que faz curta temporada em São Paulo

Marcada por luta e resistência, a vida de Elza Soares é o fio condutor de “Elza”, musical que entrou em cartaz em São Paulo em outubro passado. Agora, os paulistanos têm mais uma chance de ver a peça, que reestreia em curtíssima temporada no teatro Sérgio Cardoso. As apresentações acontecem de quinta à domingo, e foram prorrogadas até 11 de agosto.

O musical narra a trajetória da artista desde quando era jovem, passando por sua primeira apresentação na TV e seu relacionamento com o jogador de futebol Garrincha. Os episódios de violência que marcaram a vida da artista –foi obrigada a se casar aos 12 anos, sofreu agressões domésticas, perdeu um filho– também são representados.

“Elza” liderou o ranking de melhor musical de 2018 no júri convidado pelo Guia Folha. Além disso, foi vencedor dos prêmios Shell de melhor música e APCA de melhor dramaturgia, entre outros. E nosso pitaco é de que vale a pena, sim, assistir a este espetáculo. Saiba por quê.

  1. Vozes. Os timbres variados de sete artistas negras, que se revezam no papel da protagonista, dão belas releituras aos clássicos da artista. E todas cantam muiiito! Larissa Luz é a única que aproxima sua a voz à da cantora. Ela representa Elza hoje, sendo uma espécie de condutora das demais personagens.
  2. Realidade. O espetáculo faz importantes conexões com outras mulheres que, assim como Elza, sofreram violência doméstica. Vítimas de feminicídio que estamparam o noticiário do país são citadas. A vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018, também é lembrada.
  3. Banda. Elza se tornou um ícone do feminino e do feminismo. Por isso mesmo, o musical é composto só por mulheres. Incluindo a banda, que toca (e arrasa, diga-se de passagem) ao vivo no fundo do palco. Os homens são representados poeticamente.
  4. Cenário. Não há grandes produções, mas a singeleza com que os objetos são usados –em especial, os baldes– faz toda a diferença e soma pontos na composição da montagem. Em cena, eles representam latas d’água (símbolo de luta no morro carioca onde Elza foi criada) e também o batuque do samba.
  5. Senso de humor. A história de vida da artista é pesada, mas o musical sabe usar momentos mais leves para quebrar a tensão e arrancar alguns risos da plateia. Como quando uma das Elzas vai dizer sua idade, e solta: “tenho 3.000 anos, como a rainha Nefertiti”.
  6. Tom político. O musical fala de machismo, racismo, pobreza, violência contra mulher e injustiças que resvalaram na trajetória da cantora. Mas também fala de música e da arte como fonte de superação e renascimento. A peça ressignifica letras de canções, como “A Carne”, e faz o público aplaudir de pé.

Elza. Teatro Sergio Cardoso – r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, SP. Qui. a sáb.: 20h. Dom.: 17h (exceto 4 e 5 /7). Até 11/8. Ingr.: R$ 30 a R$ 150 (inteira). 

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