Faixa etária errada induz leitora a levar filhos em peça com conteúdo erótico

O pitaco de hoje é da leitora Juliana Maria de Campos Rocato, professora e assinante da Folha. Juliana entrou em contato conosco após levar os filhos para assistir à peça “A Voz que Resta”, que está em cartaz na biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e não gostar nada do que viu. Isso porque, segundo ela, a indicação de 12 anos não condiz com o conteúdo do espetáculo.

A classificação etária de shows e peças publicadas pela Folha é de responsabilidade da produção do evento, que envia a idade apropriada junto à ficha técnica. Exceção ocorre apenas no roteiro de teatro infantil, em que duas críticas do jornal assistem às peças e indicam sua “sugestão de classificação indicativa”, sem tirar, contudo, a classificação oficial enviada pela produção do espetáculo.

Segue o relato de Juliana:

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Uso frequentemente o Guia da Folha e baseio-me nele, principalmente, para levar meus filhos ao teatro, contando com a credibilidade desse jornal. Sempre leio as críticas e os comentários referentes aos espetáculos que tenho interesse e, sobretudo, verifico a classificação de censura referente à idade.

Na segunda feira (15), eu e meu marido levamos nossos filhos de 13 e 14 anos para assistir à peça “A Voz que Resta”, na biblioteca Mário de Andrade. De acordo com o guia de roteiros, a indicação é para maiores de 12 anos. Porém, qual não foi nossa surpresa ao nos deparamos com uma peça inadequada à faixa etária estipulada! Em relação ao conteúdo, à temática, ao vocabulário…

A peça é repleta de palavrões, há um forte apelo às questões relacionadas ao ato sexual, o ator fuma vários cigarros durante o espetáculo e, para fechar com “chave de ouro”, há uma cena no final em que o ator simula uma masturbação. Com classificação etária a partir de 12 anos! Enfim, tenho minhas dúvidas se, de fato, houve um critério por parte da pessoa/equipe responsável por fazer a indicação.

Dessa forma, deixo minha indignação e peço para que haja um cuidado maior em relação aos critérios adotados para determinar a classificação mínima para uma peça de teatro. É importante que o leitor possa confiar naquilo que está publicado no guia e fazer suas próprias escolhas!

Gustavo Machado em “A Voz que Resta” (Phillipe Machado/Divulgação)

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OUTRO LADO

Após contatar a produção da peça, responsável pela classificação indicativa, recebemos uma nota oficial da assessoria de “A Voz que Relata”, que se desculpou pelo ocorrido:

“Prezada Juliana,

De fato, foi publicado um dado equivocado informado pelo material enviado aos jornalistas. Apesar de publicações anteriores da peça já terem dado erroneamente a recomendação de faixa etária de 12 anos, o correto no caso é “para maiores de 16 anos, acompanhados dos pais ou responsáveis”. Lamentamos o transtorno e pedimos sinceras desculpas. A correta indicação também será alterada na ficha técnica do espetáculo, evitando que o erro volte a acontecer.”