Em dias árduos, espetáculo de Marco Luque é boa pedida para rir sem medo
Marco Luque, 45, estreou na última quinta (1°) a temporada de seu espetáculo “Todos por Um”. Em cartaz até 28 de novembro no teatro Frei Caneca, em São Paulo, a peça marca o retorno do humorista aos palcos após três anos e reapresenta personagens queridos do púbico, como o motoboy Jackson Faive e a diarista Mary Help.
Em pouco mais de uma hora de espetáculo, Luque transita por diferentes timbres de voz, trejeitos, figurinos e temáticas. Abre a peça com o egocêntrico Charles Charlaton, mágico que realiza truques meia-boca e interage com a plateia (e para o qual o ator precisou ter aulas com um profissional da área).
Mas é a possibilidade de rir sem pesar a mão com ofensas ou política que faz de “Todos por Um” uma boa escolha para quem quer ter, digamos assim, uma hora mais leve. Nosso pitaco é de que vale a pena assistir, sobretudo para quem precisa espairecer e desligar um pouco do noticiário.
Ainda que os personagens já sejam velhos conhecidos do público, os textos são novos (de autoria do próprio ator em parceria com Guilherme Rocha), sagazes e ligeiros. Mesmo que seja possível perceber que seguem uma base, Luque abre espaço para alguns improvisos e reage junto com a plateia.
Destacam-se as esquetes de Silas Simplesmente, um taxista dos anos 1970 que incrementa seu carro para agradar os passageiros –as piadinhas de cunho sexual arrancam gargalhadas. De Mustafáry, o controverso hippie que viralizou com o vídeo do Serumaninho, cachorro que encontrou numa praia. E da diarista Mary Help, que faz surpresa ao apresentar ao público, em vídeo, declarações “apaixonadas” de celebridades como Kaká, Alexandre Nero, Thiaguinho e Mateus Solano.
O quadro de Ed Nerd, um rapaz que sofreu bullying na escola e quer se vingar dos colegas, faz bom uso da interação com luzes do palco e telão –é o mais tecnológico de todos. Mas se alonga e cansa um pouco. E Silver, o roqueiro “americano de Americana”, passaria batido perto dos demais –não fosse a desenvoltura irresistível de Luque com a gaita.
Mais esperado da noite, o motoboy paulistano Jackson Faive entrega aos espectadores o que eles esperam. Irreverente, tem bom espaço no roteiro e fecha o espetáculo em alta.
E aí, não tem jeito: o público aplaude em pé.
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Todos por Um. Teatro Frei Caneca – r. Frei Caneca, 569, shopping Frei Caneca (7º andar), São Paulo, SP. Quintas, às 21h, até 28/11. Ingr.: R$ 100 (inteira) p/ bileto.sympla.com.br.
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