Filme baseado na biografia da pintora Maud Lewis é lição de empatia, conta leitora

Mariana Agunzi

O pitaco de hoje é da leitora Elanisa Martins, 61 anos, de Petrópolis (RJ). Ela conta que sempre foi apaixonada por cinema e que gosta de fazer resenhas, por isso escreve para o Pitaco Cultural.

O filme escolhido por ela é “Maudie” (2016), baseado na vida da artista canadense Maud Lewis (1903-1970). Disponível na Netflix, o longa conta a história de uma mulher que tem artrite reumatoide. Após ser rejeitada por sua família, ela busca independência trabalhando para um rabugento vendedor de peixes.

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Maudie (Sally Hawkins) tem dificuldade para andar. Com pés tortos, coluna arqueada e dores por causa da artrite reumatoide, ela sofre com o pré-conceito de acharem que não é capaz de se cuidar. Sofre com a insensibilidade de sua família.

Resolve, então, virar empregada de um matuto da região, Everett (Ethan Hawke), e muda-se para sua casa. Diante de um monte de dificuldades, escolhe as cores para pintar seu pequeno mundo –suas telas são as paredes, as janelas e as portas.

O dia de Maudie é trabalhar duro para sobrar tempo para pintar. O diferente Everett vai se tornando seus pés sãos. “Algumas pessoas não gostam de quem é diferente”, diz.

Everett (Ethan Hawke) e Maudie (Sally Hawkins) no filme (Reprodução)

O filme se passa a maior parte do tempo em um cômodo, um loft superior e um quintal de uma casinha afastada de tudo –restrita como um palco, onde o que importa são os atores.

A loucura de um começa a ser compreendida pelo outro, e vira uma lição de empatia. Sally Hawkins, maravilhosa como sempre, tenta se aproximar de um quasímodo feminino, sendo doce, sarcástica, esperta e talentosa em sua personagem.

Ethan Hawke é perfeito como o grosseiro, agressivo e louco Everett, que não teve muita chance de saber como expressar seus sentimentos.

“Maudie” é ótimo filme pra ver em casa (pequena ou não) e captar os insights do diretor Aisling Walsh, aplicando-os ao confinamento. É uma biografia adaptada da vida da pintora Maud Lewis.

By the way, a sinopse está errada: Maudie não queria “alcançar o sucesso como artista” –ela só queria viver dentro das suas pinturas, só queria pintar.