Vencedor de Oscar, drama com Kate Winslet faz pensar sobre pré-julgamento, conta leitor

O pitaco de hoje é de Mario Celio de Andrade, 62, bancário aposentado e morador de Divinópolis (MG). Ele indica aos leitores do blog o filme “O Leitor” (2008), drama que teve cinco indicações ao Oscar e levou o de melhor atriz com Kate Winslet.

O longa é inspirado no romance homônimo, de Bernhard Schlink. Narra a história de Michael Berg (David Kross), um adolescente de 15 anos que vive uma paixão com Hanna Schmitz (Kate Winslet), mulher mais velha que um dia simplesmente desaparece.

Oito anos se passam e Berg, agora estudante de direito, se surpreende ao revisitar o passado enquanto analisa um julgamento de crimes de guerra cometidos por nazistas.

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“O Leitor” é um drama que nos faz mudar mais de uma vez o julgamento dos personagens centrais. Nele, uma mulher analfabeta e sem trato se relaciona com um jovem adolescente numa Alemanha do período nazista. É uma relação complexa, de dependência e culpa, mas muito interessante do ponto de vista humano.

Do ponto de vista dramático, “O Leitor” é o filme mais completo que eu vi. Se não tivermos atenção, podemos julgar os personagens de forma superficial.

Michael e Hanna vivem um relacionamento improvável devido às diferenças de idade e cultural –uma vez que Hanna é analfabeta. O encontro entre os dois é casual. Ele passa mal perto da casa dela, e ela o leva para dentro, para cuidar dele.

O adolescente acaba se apaixonando, e Hanna e se encanta com a possibilidade de ter alguém que possa ler para ela. Mas em algum momento essa mulher desaparece, e anos depois, ao final da guerra, os dois acabam se reencontrando em um julgamento, acidentalmente. Ele pode inocentá-la.

Acompanhando o desenvolvimento da história, nos colocamos no lugar de um e de outro, com suas mágoas e desencontros, e percebemos como é difícil entender o outro sem estar em sua pele. Cada um, ao seu modo, tem razão e está errado –depende do ponto de vista e da oportunidade.