Como é assistir ao teatro online e por que vale a pena
A pandemia fez com que setores se reinventassem e fizessem adaptações para sobreviver à crise. O entretenimento talvez seja um dos mais emblemáticos, já que é bem difícil ter cinema, teatro e show sem aglomeração.
Ainda que alguns teatros estejam retornando, com novos protocolos e público reduzido, a maioria investiu nas peças online para continuar levando as artes cênicas até o público.
Mas como é assistir a uma peça online? Dá para matar a saudade que é ver os atores no palco tendo como intermediária uma tela?
Este blog acompanhou, na última quinta (17), o espetáculo “A Lista”. A peça é encenada por Lilia Cabral e sua filha, Giulia Bertolli, e está em cartaz no teatro PetraGold, no Rio de Janeiro.
A montagem mostra o diálogo de uma senhora de Copacabana e sua jovem vizinha, que se oferece para fazer as compras de supermercado durante a pandemia.
Aí já temos o primeiro ponto positivo do online: como seria possível sair de São Paulo e estar no Rio tão facilmente para assistir a uma peça? Nesta quinta, a autora que aqui escreve terminou de trabalhar e precisou de pouco menos de cinco minutos para conectar o Zoom e acompanhar.
Cerca de 130 participantes estavam presentes, e havia gente de diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco… Ao logar, via-se as cortinas ainda fechadas. Câmeras e microfone dos espectadores forem desligados pelo moderador da sala, a fim de evitar que atrapalhassem a progressão do espetáculo. Instruções de como acompanhar da melhor forma pela tela do celular, ou do computador, foram passadas.
De repente, os três apitos característicos sinalizaram que a peça iria começar. O friozinho na barriga que temos quando estamos na sala, presencialmente, aparece. E a trama começa –cortinas abertas, atrizes no palco. Encenando, é claro, para uma câmera. Nenhuma intercorrência atrapalhou som ou imagem.
Enquanto acompanhava a brilhante atuação de Lilia e Giulia, pude pegar um café e carregar no colo minha cachorra, que assistiu à peça comigo atentamente. No fim, um telão desceu para que as atrizes pudessem ver nossos rostos.
Câmeras e microfones foram religados a fim de que pudéssemos interagir –que triste seria o fim de um espetáculo sem o calor dos aplausos!– e conversar brevemente com as duas, enviando perguntas.
Foi, portanto, uma experiência diferente e bastante agradável. E antes que venham as críticas, é importante ressaltar: não, o computador não substitui a emoção de ver uma peça presencialmente. Mas ele torna a arte um pouco mais acessível.
Ainda que seja preciso ter uma conexão boa para acompanhar o aplicativo de conferência, o online possibilita estar em qualquer teatro do país, e do mundo, em poucos cliques. E os preços são realmente atrativos: “A Lista”, por exemplo, começa em R$ 12,50. Para quem quiser (e puder) pagar mais e apoiar a arte na pandemia, há a opção. Mas não é impositivo.
Fica assim a ideia. Por que não incorporar a opção para o novo normal? Somar não é disputar. A arte vai precisar de todas as forças para passar pela pandemia, e voltar forte dela.
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A Lista. Quinta (24) e sexta (25), às 16h45. Ingressos em sympla.com.
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