Candidato da Bósnia ao Oscar emociona ao mostrar destruição de um genocídio, diz leitora
O pitaco de hoje é da leitora Georgia Briano Gratacos Silva, 21, estudante de engenharia civil da Poli-USP. Ela indica o filme “Quo Vadis, Aida?”, da cineasta bósnia Jasmila Zbanic, que concorre ao Oscar de melhor filme internacional.
O drama retrata o desespero de uma mãe que tenta salvar a família do fuzilamento, e tem como pano de fundo o massacre de Srebrenica –genocídio que vitimou mais de 8.000 crianças e adultos muçulmanos na Bósnia.
Georgia diz que ama cinema e que já assistiu a todos os principais indicados à estatueta neste ano. A quarentena, diz ela, impulsionou a lista, que inclui longas de diversos gêneros. Veja a resenha da leitora.
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“Quo Vadis, Aida?” é um filme necessário para começarmos a entender as nuances que permeiam muitos dos conflitos atuais. O longa trata de um episódio específico e trágico na história recente da Bósnia –o massacre de Srebrenica, ocorrido em 1995. É impossível não se emocionar.
Por meio das expressões faciais de moradores da cidade, o filme coleciona imagens comoventes, capazes de transmitir os sentimentos mais íntimos de cada um. Guardarei por um tempo essas cenas na minha memória.
A obra de Jasmila Zbanic não trata da construção de um herói de guerra, como usualmente ocorre em filmes dessa temática, mas sim do caráter completamente destrutivo de um genocídio. As marcas do fuzilamento de 8.000 homens e meninos bósnios fazem parte da história do país e não devem ser esquecidas.
Zbanic ainda traz outro importante ponto de vista do conflito: a fragilidade da ONU diante de situações humanitárias.
O filme está a todo momento lembrando a raiz dessa debilidade: a Organização das Nações Unidas é formada essencialmente por pessoas e, como tal, está fatalmente condicionada a erros.
Mas é justamente esse fato que faz da entidade um agente tão fundamental nas tensões geopolíticas. O funcionamento da ONU, mesmo que remeta a uma faca de dois gumes, é engrenagem substancial na cooperação entre os países.
No filme, o manejo dessa faca é prejudicial. Resta a nós saber como minimizar os seus efeitos.
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