Como driblei a fila para comer n’A Casa do Porco, em SP, eleito um dos melhores restaurantes do mundo

Desde que abriu as portas no centro de São Paulo, no fim de 2015, A Casa do Porco vive na boca do paulistano.

Um dos motivos é que o restaurante vem colecionando ótimas avaliações –indicações Bib Gourmand (melhor custo benefício) no Guia Michelin; prêmios em especiais de gastronomia, como O Melhor de sãopaulo, desta Folha; e agora a 17ª colocação entre os 50 melhores restaurantes do mundo, como anunciado nesta terça (5) pelo ranking World’s 50 Best, da revista britânica Restaurant.

O outro motivo não tão aprazível, mas que no mínimo desperta curiosidade, são as filas. Ou eram, até a chegada da pandemia.

O restaurante especializado na carne que o batiza, o porco, não fazia reservas na época pré-Covid. Sendo assim, o amontoado de pessoas na calçada, à espera de provar os quitutes de Jefferson Rueda por ordem de chegada, era mais do que comum. Uns diziam que fazia parte do charme do local; outros desistiam da visita.

Eu sempre fui do time que se nega a ficar horas na fila. Ainda mais quando tratamos de uma cidade como São Paulo, com tantas opções gastronômicas. Mas era A Casa do Porco, né? Aquele lugar que simplesmente não tem como ser substituído. Eu tinha que ir.

Foi assim que, naquele abril de 2017, tive a ideia que pareceu a oportunidade perfeita para conhecer o restaurante. Era feriado prolongado de Páscoa, mas eu estava de plantão e, por isso, não tinha viajado para a casa de meus familiares, no interior do estado.

Mas, mais do que isso: era Sexta-Feira Santa –dia que, tradicionalmente, muitos cristãos se abstêm da carne. Meu marido aceitou o convite nada ortodoxo. Ligamos para o restaurante, que confirmou que havia mesas disponíveis naquele momento, e seguimos da zona sul para o centro da cidade.

Provamos, finalmente e sem filas, o cardápio do local. Comemos o Porco Sanzé e a famosíssima pancetta com goiabada. E sim, estava tudo maravilhoso. A Casa do Porco era uma delícia.

Cresci em uma família muito católica e, via de regra, aquilo era errado. Mas tenho a consciência tranquila. Dois anos mais tarde, optaria por não comer mais carne de porco –por motivos que resvalam mais na causa animal do que na religiosa. Em seguida, seria engolida por uma pandemia.

Hoje, ao ver a notícia de que A Casa do Porco é o 17º melhor restaurante do mundo, sei que fiz a escolha certa. Não como mais porco, mal saio de casa –mas sei que valeu a pena cometer, naquele dia santo, tamanha heresia.

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A Casa do PorcoRua Araújo, 124, Vila Buarque, São Paulo, tel. (11) 3258-2578.

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