Peça online joga luz a órfãos cariocas que foram escravizados nos anos 1930

Cinquenta garotos órfãos, a maioria negros, entre 9 e 12 anos, tutelados pelo Juizado de Menores do DF, são retirados de um educandário no Rio de Janeiro e levados para uma fazenda no interior de São Paulo, nos anos 1930.

A promessa é de uma casa e quem sabe uma família. Mas, na verdade, são isolados e submetidos por membros da cúpula da Ação Integralista Brasileira –a AIB, movimento fascista e anticomunista– a longas jornadas de trabalho sem nenhum tipo de remuneração. São crianças submetidas à escravidão.

Essa história triste e real é o pano de fundo do espetáculo “Tão Somente Meninos”, do Teatro da Conspiração, que estreou nesta quinta (25) com exibições onlines e gratuitas.

A montagem de Solange Dias, dirigida por Cássio Castelan, mistura teatro e dança em uma releitura desse período obscuro.

Para criá-la, a companhia buscou elementos na tese de doutorado “Educação, Autoritarismo e Eugenia: Exploração do Trabalho e Violência à Infância Desamparada no Brasil (1930-45)”, defendida em 2011 pelo historiador Sidney Aguilar Filho.

 

Cena de ‘Tão Somente Meninos’, do Teatro da Conspiração (Arô Ribeiro/Divulgação)

“Cinquenta meninos, 48 negros e 2 brancos”, ressaltam os narradores que conduzem o peça. Esses atores narram um encontro imaginário entre quatro dos órfãos que foram escravizados, passando por suas infâncias interrompidas e fazendo um paralelo com a velhice.

A música também tem papel importante no espetáculo, marcando passagens da infância e do trabalho forçado dos personagens. Apesar de baseada em um fato histórico do começo do século 20, “Tão Somente Meninos” traz, lúdica e poeticamente, reflexões sobre autoritarismo, racismo, opressão e meritocracia.

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Tão Somente Meninos. 14 anos.  26, 27 e 28 de novembro e 2, 3, 4, 5, 10 e 11 de dezembro. 20h. Online. Grátis. Ingressos em sympla.com.

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